quinta-feira, 13 de março de 2008

Rotina ou dádiva?




Certa vez em uma reunião fizeram um comentário para inspirar uma reflexão, o comentário foi assim: "Se sua vida se encontra dentro de uma rotina é sinal que nada sério irá lhe acontecer". O que esse pensamento, esse comentário queria dizer? A pessoa que disse logo explicou : "- Se sua vida está numa rotina, obviamente você já sabe e já espera como vai ser seu dia. Ou seja, nada irá acontecer que faça sair do movimento diário que possui. Se você sabe que irá para o trabalho pela manhã, sabe que ao menos irá ter saúde para despertar; ao menos sabe que terá vida durante mais uma manhã. E sabe também que as pessoas próximas à você também terão. E não tem visão mais agradável de uma rotina do que essa."

Realmente, não tem compreensão mais agradável que essa. Muita gente diz odiar a rotina que possui, mas se esquece que a rotina também quer dizer normalidade. Se tem rotina, é porque está tudo normal, do jeito que tem que ser. Que a saúde continua perfeita, que a casa, o quarto, continuam aconchegantes e intactos, - pois não aconteceu nada grave durante a noite, um assalto, um incêndio - que irá para o mesmo emprego, que não recebeu nenhum telefonema à noite dizendo que será demitido dentro de algumas horas. Que sua mãe quer que leve para a consulta médica, como toda semana. Isso quer dizer que continua bem. Pior seria sua irmã ligando dizendo que a matriarca estaria internada.

A rotina nos faz lembrar a gratidão que devemos ter durante nossa jornada diária. Quão ingrato é o ser humano. Só lembra de agradecer quando alguém fala, ou quando lê em algum local.

No entanto, felizmente, existem exceções. Cito uma senhora do sertão do Nordeste, mais precisamente do sertão pernambucano que recebeu um grupo de psicólogos brasileiros e americanos em sua casa, pois iriam fazer um estudo psicossocial na região, a pobre senhora possuía apenas 3 colheres de pó de café e duas colheres de açúcar e fez o café mais gostoso que aquelas pessoas já haviam saboreado. O mais engraçado era o sorriso que aquela tão singela senhora possuia e a forma que seus olhos brilhavam. Era notável sua gratidão. De repente, uma das psicólogas pediu licença e saiu. Alguma coisa fez com que se emocionasse feito criança, e precisava chorar sem se sentir constrangida. E lá ficou, do lado de fora, chorando muito...

Talvez o choro tenha sido de surpresa por encontrar uma pessoa tão sofrida e castigada pela seca daquele lugar, tão esquálida e ictérica, vestindo trapinhos morando ali naquele "fim de mundo" . Como poderia ter um sorriso tão sincero? Olhos tão brilhantes? Com uma gratidão por Deus tão profunda?

Talvez a velhinha pernambucana dentro da sua grandeza de espírito, entendesse que BASTA ter vida, para que se TENHA GRATIDÃO. E que a rotina que possui é uma dádiva de Deus.

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